Muitos perguntam se hoje em dia vale a pena investir num trabalho autoral, já que o mercado musical não anda muito “convidativo”. A verdade é que jabá, indicação e excesso de trabalho para pouco dinheiro já existem há muito tempo neste cenário. É claro que com a internet muita coisa mudou e, com o crescimento da pirataria a situação ficou ainda mais complicada. Para uma gravadora é um investimento muito alto apostar em quem surge do nada, por melhor que seja. Se você faz algo que todo mundo já faz, piora ainda mais. Com isso, vemos uma gama de artistas e grupos excelentes sobrevivendo na cena underground, sem muitas perspectivas e buscando um lugar ao sol. É difícil saber o que as grandes gravadoras querem. Por isso, o importante mesmo é fazer o seu som e acreditar nele. Se algo acontecer, que seja porque você tem identidade, pois as possibilidades são como ganhar na Mega-Sena.
Existem gravadoras que ainda apóiam novos artistas, mas a maior parte implica apenas na distribuição, o que pode ser ou não um bom negócio. Depende da sua estrutura e do que almeja como retorno.
Se você não quer ficar apostando e esperando por isso [e mesmo que consiga terá que batalhar muito e muito para ver o retorno financeiro. Desde que o mundo é mundo quem ganha dinheiro com venda de discos é a gravadora ou o produtor e nunca o músico (consideradas as devidas proporções)], uma boa saída é fazer um trabalho independente. Hoje em dia é a saída da maioria dos artistas e tem mostrado um resultado satisfatório. No Brasil, existe uma série de estúdios de excelente qualidade. Neste caso, o ideal é fazer uma pesquisa na sua região e definir a qualidade e o que cabe no seu bolso. Lembre-se apenas que um CD é como se fosse um filho, depois de tê-lo, será sua marca e nunca mais poderá se livrar dele. Portanto, pense nisso e faça algo que tenha a ver com a sua personalidade e, acima de tudo, com qualidade, pois ele será uma espécie de assinatura musical.
Outra opção são os chamados “home estúdios”. Se no seu grupo, duo etc. tem alguém com conhecimentos deste tipo e um bom equipamento, é uma saída excelente para fazer um bom CD, com calma e custo baixo. Se você pretende fazer um trabalho solo, pode investir em cursos de técnico de áudio, o que poderá, inclusive, trazer uma renda extra com trabalhos freelancers (caso não seja o seu desejo fazer disso uma profissão). Apenas se prepare para o custo dos equipamentos. O mínimo necessário é ter um bom computador e uma série de programas e plugins que não são nada baratos e nem todos podem ser baixados na internet.
Enfim, seja qual for a sua opção, fazendo um trabalho independente haverá 100% do retorno das vendas, o que é extremamente convidativo, mas poderá ser um desastre se você não fizer uma divulgação excepcional e não correr atrás para vender material. Vender em shows é uma excelente opção, principalmente se o seu trabalho já for de certa forma conhecido. Mas é importante não se prender a isso e correr atrás de lojas e lugares onde possa deixar o material para vender. E, é claro: cuidado com os calotes! Estipule um prazo para pagamento caso seja consignação e sempre exija nota fiscal ou um comprovante da negociação.
Uma última saída é gravar uma demo de qualidade e disponibilizar algumas faixas para download na internet. Seja no Myspace, site da banda e onde mais você conseguir. Esta forma não visa lucro inicial, mas pode divulgar a sua banda para o mundo e dar estrutura para a elaboração de um material oficial. Atualmente algumas gravadoras apostam no download a baixo custo, indicando ser este o futuro da música.
Quem sabe com isso você não seja a próxima grande revelação da música. Sonhar e executar... É só começar.
Boa sorte!
Por: Paula Witchert
